A problematização do uso de banco de imagens estereotipadas se torna cada vez mais necessária.
É muito comum vermos a representação de uma equipe multirracial sendo composta por um oriental, um negro, um branco e uma mulher. Mas quão diverso isso realmente é?

Sabe-se que a diversidade é um requisito de marca, mas é curioso que, em pleno século 21, ainda estejamos acostumados com essa “falsa diversidade”.
Entender a sociedade como um meio plural e acolher as diferenças vai muito além de um discurso.
“Hoje em dia, a diversidade no ambiente de trabalho é considerada um bem valioso que aumenta o patrimônio líquido de uma empresa.” diz Ruben Pater no livro Políticas do Design.
É interessante, nós, como comunicadores, refletirmos sobre a responsabilidade em transmitir uma mensagem sem reforçar padrões, sejam eles estéticos ou morais.
Muitos criadores de conteúdo utilizam bancos de imagens, o que não é um problema quando vemos o engajamento cada vez maior em conteúdos fotográficos e humanizados.
O problema mesmo está no conteúdo limitante, estereotipado e, muitas vezes, falso desses bancos de imagens. Eles dificilmente se preocupam com a representatividade, seja ela cultural, social, racial ou de gênero.
E assim, o ciclo da padronização só se repete: consumimos, reproduzimos e consumimos de novo.
6 indicações de Bancos de Imagens Plurais
Mulheres InVisíveis é a primeira coleção de banco de imagens que mostra as verdadeiras brasileiras: “negras, gordas, idosas, lésbicas e trans retratadas de forma livre de estereótipos“.
“Uma ferramenta para que essas mulheres deixem de ser invisíveis na publicidade e um convite à discussão do tema”, diz o texto no site do projeto.

“[…] se você digitar a palavra “café” no Unsplash (um site de imagens grátis), raramente verá uma xícara de café sendo segurada por mãos pretas. […] Mas os negros também bebem café […]” explica o site Nappy no seu descritivo – outra iniciativa que permite o acesso livre a imagens que valorizam pessoas negras.

“A publicidade tem o poder e é responsável por transformar o jeito que pensamos e agimos. Dessa forma, é necessário aprofundarmos a discussão sobre o papel de marcas, produtos e serviços na promoção da diversidade. O projeto Tem que Ter busca levar esse questionamento ao mercado, mostrando, através de uma plataforma colaborativa, o acesso a imagens que representem e deem visibilidade a comunidade LGBTI+”

A Gender Spectrum Collection é uma biblioteca de fotos com imagens de modelos trans e não binários que vão além dos clichês.
Essa coleção tem como objetivo ajudar a mídia a representar melhor os membros dessas comunidades como pessoas não necessariamente definidas por suas identidades de gênero – pessoas com carreiras, relacionamentos, talentos, paixões e vida doméstica.

“Menos de 20% das campanhas publicitárias apresentam pessoas de cor. E os decks de apresentação usados para vender essas campanhas sofrem do mesmo problema: preenchidos com modelos que não correspondem à diversidade da população.“
“Por isso, criamos um conjunto de modelos de mockups para nos ajudar a iniciar nossas ideias da mesma maneira que queremos que elas terminem: tão diversas quanto o mundo ao nosso redor.” descreve o texto do site da iniciativa Mockupdated.

“Bem-vindo a um futuro de inclusão.” Assim se posiciona o banco de ilustrações Black Illustrations, que surgiu por reconhecer que pessoas de cor muitas vezes são sub-representadas em processos de design e não são vistas nos recursos visuais na Internet.

Vamos aos números
Você sabia que a falta de afrodescentes em campanhas publicitárias deu origem a um Projeto de Lei, em tramitação no Congresso Nacional, que determina uma porcentagem mínima de negros na publicidade?
O PL 4370/1998 prevê a presença mínima de 40% nas peças publicitárias apresentadas nas tevês e nos cinemas. O que é bem intrigante num país cuja maioria da população é negra.
De acordo com a Vice, o Shutterstock relatou um aumento de 64% em “transgêneros” como termo de pesquisa em fevereiro, em comparação ao mesmo período do ano passado.
As pesquisas de imagens por “fluido de gênero” na Getty Images triplicaram entre junho de 2017 e junho de 2018, mas as três fotos mais baixadas de pessoas trans na biblioteca naquela época eram todas sem rosto ou corpo identificável no fundo.
A responsabilidade social é nossa!
Está claro que as iniciativas desses bancos de imagens são um passo em direção a um mundo mais inclusivo, mas não resolve nenhum problema.
Nós somos os responsáveis por escolher e usar essas imagens, quebrando estereótipos, confrontando preconceitos e dando visibilidade a essas pessoas.
O entendimento de uma sociedade plural vai além de uma exigência do mundo atual, diz muito sobre o que somos, pensamos e criamos.
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